O parto do Diogo realizou-se às 38 semanas e 4 dias.
A ida para a maternidade (06/11/2010):
Tinha consulta marcada para esse dia (07/11/2007) e, como habitualmente, no dia anterior fui fazer a depilação (yap, tenho muitos pelos e odeio-os... depois da amamentação do Afonso estou a pensar limpar tudo definitivamente!).
A minha esteticista assustou-se quando me viu mas não disse nada de imediato. Quando começou a fazer a depilação nas pernas reparou que estavam um tanto às manchas e perguntou-me quando tinha consulta (ela já tinha uma pequenita e portanto a sensibilidade para estas coisas era diferente). Disse-lhe que tinha no dia seguinte mas que estava a pensar ir à maternidade porque me sentia muito inchada (muito é favor, o inchaço era tanto que ainda me custa olhar para as fotos daquela altura e, consciente ou inconscientemente, ainda não tirei nenhuma desta gravidez com medo de me assustar!). Obviamente que ela foi da opinião de que lá deveria ir.
Quando saí da esteticista liguei logo ao GO para pedir opinião se deveria ir à maternidade ou esperar pela consulta que era no dia seguinte. Aconselhou-me a ir à maternidade...
O atendimento nas urgências:
Observaram-me e mandaram-me fazer o ctg. Os inchaços não indicavam nada mais que retenção de líquidos pois não havia mais sintomas para além desse. Do ctg, as poucas contracções que tinha não eram significativas.
Mandaram-me despir para me observar. A médica fez uma cara estranha e chamou um outro médico (fiquei assustada, como é óbvio). Quando o médico chegou observou-me e confirmou com ela que eu tinha o colo mole e estava com uma dilatação de 2 cm. Perguntou-me se queria lá ficar ou se queria ir para casa (e eu é que sabia????? não deveria ser ele a decidir??????).
Perguntei-lhe qual a opinião e se achava que o Diogo iria nascer nessa noite. Disse-me que não sabia, mas que era provável se ele me fizesse um toque. Concordei em lá ficar, até pela ansiedade do meu marido que tinha chegado de Angola e estava desejoso de ter o filho nos braços.
Fez-me o famoso toque, pediu-me a mala e tive ordem de internamento, eram cerca de 20:00 h do dia 06/11/2010.
O internamento:
1ª Parte (antes da sala de indução):
Durante a noite do internamento não tive qualquer evolução (pelo menos que sentisse), embora tivesse passado a noite totalmente em claro. Porquê??? Fiquei num quarto com uma outra rapariga (uma castiça, mas fiquei exausta) que esteve cheia de contracções durante a noite e eu estive a ajudá-la a fazer a respiração (ela não tinha feito a preparação para o parto). Nos intervalos das contracções a rapariga não se calava, mas tinha um piadão! Escusado será dizer que fiquei muito cansaço devido ao facto de não ter pregado olho.
Na manhã seguinte (07/11/2010) fiquei à espera que me viessem observar. Depois de muito esperar, resolvi sentar-me no banco do corredor frente ao quarto onde estava internada. Vi uma série de grávidas passar para a sala de observação e a mim ninguém me chamava...
... Estava o médico para se ir embora quando apanhei coragem e fui ter com ele. Tinham-se esquecido de mim!!!!
Observou-me, não tinha tido evolução e fez-me mais um toque (não sem antes mandar um batalhão de estagiários enfiar-me as mãos e opinar. Muito fixe, sentimos-nos como a barra de um qualquer porto de pesca...).
Após o toque, mandou-me tomar banho e vestir a bata do hospital pois iria para a sala de indução.
2ª Parte (1º turno na sala de indução):
Deitei-me e umas amáveis enfermeiras colocaram-me a soro e a ocitocina e ligaram-me os aparelhos do CTG. Observaram-me e confirmaram os 2 cm de dilatação.
Comecei a ter contracções ritmadas, mas praticamente sem dor (e não, não me estou a fazer de forte, não tinha realmente grandes dores).
As enfermeiras estiveram sempre presentes a auxiliar todas as parturientes que se encontravam na sala e foram fenomenais, observaram-nos várias vezes e foram sempre perguntando se queríamos algum analgésico para as dores. (nunca pedi pois como disse, as minhas dores eram perfeitamente suportáveis).
Estava o turno da tarde praticamente a terminar quando as enfermeiras me vieram observar novamente. Estava por esta altura com contracções de 3 em e minutos e tinha praticamente 3 cm de dilatação. As enfermeiras perguntaram-me se tinha a certeza de que não queria nada para as dores e disseram-me que mais um bocadinho de nada já podia levar epidural, mas até brincaram a dizer que da forma que me estava a portar nem a queria ter... Disse-lhes logo que nem pensar, fazia questão de levar epidural, sabia bem que as dores não deveriam tardar...
Despediram-se de mim e uma delas disse-me amavelmente: "- Foi por isso que coloquei o nome Catarina à minha filha, são valentes!"
Fiquei claramente emocionada, claro está, e deu-me bastante ânimo para continuar a viagem....
... mal sabia o que me esperava a seguir!!!
2ª Parte (2º turno na sala de indução - ou talvez devesse chamar "O INFERNO"):
A Terrível Mudança de Turno...
...passei literalmente do céu ao inferno!!!!
Entrou ao serviço a enfermeira mais nariz empinado e arrogante que alguma vez vi na vida...
Eu estava na primeira cama e por isso fui a primeira a ser observada... Mexeu-me e remexeu-me e disse-me: "- Isto está atrasadíssimo, nem 1 cm de dilatação tem!" (desculpe??? então o médico internou-me porque eu estava com 2 cm de dilatação e o meu obstetra disse-me que estava com 1,5 cm desde as 36 semanas! Seriam os dedos da "madame" tão mais grossos do que a dos dois homens que me observaram???)
Posto isto, aumentou-me imenso os níveis de ocitocina e rebentou-me o saco das águas (de uma forma que nem consigo descrever de tão bruta e desumana que foi). Passou a observar as parturientes seguintes e deixou-me ali (sim, a partir dali nunca mais me observou!)
Passados poucos minutos as dores vieram em força, mas em força mesmo. De tal maneira que me sentia a desmaiar e sem força para absolutamente nada. A única coisa que conseguia fazer (para além de tentar controlar a respiração) era correrem-me as lágrimas pela cara a baixo (mas nunca chorei alto, apenas o meu marido observou o estado em que eu estava).
Passado uns tempos apanhei coragem e pedi à enfermeira qualquer coisa para as dores (já que as outras enfermeiras se fartaram de perguntar se eu necessitava). Ora, a senhora enfermeira estava tão compenetrada a dar atenção exclusiva a uma parturiente (que não tem culpa nenhuma de ser quem era, apenas sorte) que estava acompanhada pela sua cunhada obstetra (e mais não há necessidade de dizer) que me respondeu bruscamente que já ia... mas nunca foi!
... a tal rapariga foi para a sala de partos e a partir desse momento a enfermeira saiu do quarto onde estávamos e nunca mais apareceu.
Tendo sido literalmente abandonada por duas horas (pareceram anos) e o cansaço e dores eram de tal maneira que me senti mesmo a ir desta para...
... pedi ao meu marido que pelo menos chamasse a auxiliar para me trazer a arrastadeira. A senhora entrou com a arrastadeia e no momento em que ma estava a colocar entra a "dita enfermeira".
Olhou para mim, ou por outra, para as minhas partes que antes de engravidar considerava íntimas, e senti que ficou literalmente apavorada. Mandou desligar as máquinas todas e disse que já não havia tempo de levar epidural que ia directamente para a sala de partos pois estava a nascer.
Eu não queria acreditar no que estava a ouvir. Eu não ia levar epidural??? Mas porque raio o parto foi induzido? Porque raio fiquei tantas horas amarrada a uma cama sem vigilância? Se era para ser à antiga porque não me deixaram fazer a dilatação de forma natural sem ter de sofrer horrores? Mais uma vez as lágrimas cairam-me pela cara a baixo e perguntei: "- Tem a certeza de que não posso mesmo levar epidural?"
Qual foi a resposta??? Esta: "- Mas está preocupada com a epidural ou quer que o seu filho nasça? não viu que teve uma evolução muito rápida?"
(rápida? e as duas horas em que estive ligada às máquinas a "bombar" sem ser observada, não contam? Ah, é verdade a srª tinha de dar atenção exclusiva à médica e sua cunhada...)
Antes de me levarem para o bloco ainda tive direito a deitar mais umas lágrimas e a revoltar-me por dentro...
... A srª chegou-se ao fundo da sala, junto à tal obstetra, e perguntou-lhe: "- O que coloco no processo?" à qual lhe foi dito. "- coloque 4 cm."
(fiquei completamente revoltada pela aldrabisse que estava a ouvir, 4 cm daria para levar epidural, mas a verdade é que supostamente já tinha passado dos 5 cm, mas como sabemos a obrigação delas é vigiarem-nos, certo?)
E assim fui levada para a sala de partos numa cadeira de rodas.
3ª Parte (sala de partos- ou talvez devesse chamar "DO INFERNO AO CÉU"):
Cheguei à sala de partos levada pela "simpática" enfermeira (acho que nunca mais me vou esquecer da cara dela).
Mal entrámos chamou o anestesista e disse-lhe (bem baixinho, mas eu ouvi bastante bem - defeito meu eu sei): "- No processo estão 4, mas são 4 mais meio, mais meio mais meio. Já não pode levar epidural!"
(e mais uma vez lá que cairam as lágrimas).
Ainda perguntei ao anestesista se tinha a certeza de que não podia levar epidural, ao que me respondeu que era impossível pois já tinha passado largamente a dilatação para o poder fazer. Resignei-me...
As enfermeiras que estavam no bloco e que fizeram o parto do Diogo (estas, tal como as primeiras foram 5 estrelas) passaram-me da cadeira de rodas para a marquesa e observaram-me. Senti uma delas voar até ao anestesista e ouvi: "- Dr. venha rápido que ela está no limite, 5 cm ainda consegue dar epidural".
O médico afagou-me os cabelos e disse-me (lembro-me como se fosse hoje deste anjo): "- Oh pequena, eu só estou a terminar uma cesariana porque o bebé está em sofrimento e já cá venho colocá-la no céu". Dei-lhe um beijo na mão, tamanho o alívio que estava a começar a sentir.
E assim foi... passado uns minutos estava a dar-me epidural e eu senti-me no céu, literalmente!
A partir daqui o parto correu lindamente e às 22:38h do dia 07/11/2007 nascia o meu Diogo com 3,370 kg, com Apgar 9/10 ao 1º minuto e 10/10 ao 5º minuto.
Nunca tinha sentido tamanha felicidade!!!!
P.S. - Não sei quem vai ter coragem para ler isto, tamanho testamento... e ainda falta a parte desde a ida do bloco até à saída para casa, que ainda teve umas quantas peripécias. Fica para uma próxima!